Caixa de madeira

Ao te ver dentro daquela caixa de madeira, com os olhos fechados, rosto esbranquiçado, mãos endurecidas e semblante de conformidade, eu não sabia se chorava ou me desesperava, mas lembrei-me da vez em que disse que nao tinha medo da morte, lembrei-me também, que você estava sofrendo as piores dores e que precisava desse descanso, logo decidi como reagiria.

Chorei, não vou mentir.

Chorei a sua falta naquele momento, pois eu sei que se estivesse fora daquela caixa, me abraçaria e falaria "eu te amo", eu sei disso, eu sei que você faria isso.

Sequei as lágrimas e saí da sala onde você estava sendo velada por pessoas que realmente te amava, saí da sala para não chorar, me controlei durante toda a cerimônia fúnebre, mas teve um momento em que não segurei as lágrimas, teve um momento em que me derramei, porque ali tive a certeza que você não estaria mais com vida, tive a certeza de que você realmente havia partido.

Olhar para aquela caixinha e vê-la sendo colocada dentro de um buraco de pouco mais de um metro de profundidade, me destruiu, me deixou aflita, me abriu um leque de questionamentos sobre como você estaria depois que toda aquela terra fosse colocada sobre aquela pequena caixa que coube seu corpo.

Como é estar deitada nesse chão frio, com destroços jogados sobre você?

Como está se sentindo na escuridão dessa cova? Será que você teve medo em algum momento ou se mostrou forte e corajosa como sempre foi?

Como é estar num aperto dessa caixa de madeira fechada, te privando de ver a luz do sol?

Será que está se sentindo sozinha?

Será que está em paz?

Será que você está feliz por ter partido?

Me destrói, o fato de não te ter mais em meus dias.

Você faz muita falta, a cada amanhecer.

As flores que colocaram em sua cova coberta de destroços de terras, florescerão, como você sempre floresceu. Sua cova será um jardim de belas rosas, de girassóis e tulipas.

Marina Barbosa
Enviado por Marina Barbosa em 14/06/2024
Reeditado em 13/07/2024
Código do texto: T8085860
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