Querida Rose

 

Ainda não sei o tamanho da fome porque sempre falta o alimento. A fome dos sentidos não cabe mensurar. Não há matemática que alcance sua altura e nem sua profundidade. E o que acontece lá dentro movimenta-se tão absurdamente, tão intensamente que a percepção também não permite acompanhar.

 

De fato, não é pensamento, não é sempre juízo perfeito, mas lembro que lhe dizia que sou perfeita em minhas imperfeições. Sempre carreguei algo se desfazendo porque não dependia apenas de mim manter os inteiros, as totalidades. Era eu a metade de mim e a outra parte de um Sol que fugia de meus pra dentro.

 

Fui me dando nós, fui me amarrando e ficou mesmo difícil desatar. Ainda é. Por isso, ainda sou assim, amarrada em várias Marias, todas únicas em suas semelhanças e diferenças.

 

Não esqueci de mim minha amiga. Ias te orgulhar de mim agora. Ias me aplaudir de pé. Ias jubilar com essa que hoje sou, que hoje me tornei. E você faz parte dela - a ajudou a se (re)significar, a se (re)construir.

 

Gratidão por tua vida na minha, por este tempo que tivemos juntas.

 

Saudades eternas, minha amiga querida.