Lembranças de Lunna (I)
A casinha situada no leste
Pequenina e aconchegante
Simples e delicada morada
Residência de nossos amores
E, que viajaram ao Eterno Amor
O lar é preciosidade construída
Guardiã das virtudes que nos edificaram
Proteção das lembranças sagradas
De cada página da infância
Dilata a mais profunda saudade
Pudera receber a chance
Seríamos um laço forte
Se pudesse, daria-lhe abraços longos
Falaria "eu te amo" em atos
E teu corpo frágil cairia em meus braços
Pra que pudesses repousar em Paz
As flores do Jardim são belas
Peço-te que não destrua a vivacidade
Arrancando-as pela raiz grosseiramente
Como presente singelo aos humanos
Pode ser beleza nas mãos alheias
E tristeza de quem as contempla
Um dia quando acordar
Teus olhos pulsarão de dor
Ao ver os raios do Sol iluminar
E vais chorar quando se sentir aquecido
Lembrando do que não foi vivido
Verás que o tempo mudará continuamente
E não poderás recordar do passado
Pois, a vida exige que diante de ti
O presente caminha velozmente
E o teu peito arranha
A boca seca e os olhos ardem
Enquanto viro cinzas
Renasço subitamente
Em teu mísero e complexo pensamento
Olharás para trás e ouvirá a voz:
"Recorda quando éramos alegres
E não existia maldade e flechas?
De noitinha perto da fogueira
Olhavamos o céu repleto de estrelas
E o nosso sonhar tornava-se mais leve
Adormecendo em profunda paz
No outro dia, andávamos lentamente
Vivíamos cada segundo persistente
O vento refrescava nossas faces
E o canto dos passarinhos
Acalmava a nossa mente
Em torno de várias arvorezinhas
Amarramos cordas grossas
As mesmas que ferriam os dedos
Colocavamos em galhos resistentes
Fazendo em nosso brinquedo querido
Balançando, rindo e vivendo
De pouquinho em pouquinho
Cada pedaço de tempo pulsava"
Mas hoje você está sentado
Naquela mesma cadeira velha
Sozinho, espera o dia mudar
Mas não se atina
Passaram-se décadas
Ainda tenta dizer
Sem ter a quem ouvir
Com a voz embargada
Clama que a vida retroceda
Quem muito se queria
O próprio destino se encarregou
E hoje, você estagnou o olhar
O teu corpo concentra em existir
Nesta cadeira enxarcada
Inchada e mofada
Fecha a cortina
Para que os raios não possam penetrar
Vossas lágrimas escorrem dia e noite
Por ter repousado a fronte
Nos braços da dor
Que rasgou o vosso peito
E arrancou um pedaço do teu coração
Atormentando-te copiosamente
Pedindo-me perdão.