PIX

"Havia um tempo em que eu vivia / um sentimento quase infantil", já diziam Paulo Ricardo e Luiz Schiavon, na canção "A Cruz e a Espada", do RPM, em 1985.

Meados de 75 a 85... começava a minha vida adulta, ou quase... tenho saudade do tempo em que, ingenuamente, andava com uma certa quantia de dinheiro fixo em minha carteira, obtido de forma suada... às vezes por mais de um mês inteiro (!?!), até conseguir comprar o objeto de desejo ou necessidade.

Vejam só: não me preocupava com assaltos, ou rendimentos diários na conta bancária (aliás, nem conta bancária eu tinha...)

Me lembro de um dinheiro de poupança, sacado com todas as dificuldades possíveis e convertido finalmente, em: ... um rádio toca-fitas Sanyo, modelo 8500, portátil, ultramoderno...

Telefone? Nem pensar! Hoje me dá vontade de rir... ninguém conseguiria viver sem um celular; tão presente como a roupa do corpo. Só que não... em minha adolescência tínhamos que esperar de 5 a 6 anos para ver instalada a maravilha, comprada em intermináveis prestações dos malfadados "planos de expansão"!

Clube? Era sonho de consumo possuir uma cota; talvez um convite ocasional de algum amigo mais abonado, para o Recreativo Mineiro ou Associação Cristã de Moços...

Carro? Quem dera! O máximo a que chegava era comprar as prestações restantes de um consórcio de moto 125 cc, em breves 60 meses, além de só tomar posse do bem após mais 2 anos, contemplado por sorteio! Difícil era ter grana para o capacete...

Mas, pasmem amigos: eu era feliz e não sabia. Quando os maiores sonhos eram o telefone e a cota de clube...

Hoje, com tudo mais fácil, até com o tal do PIX... ainda assim, parece que falta alguma coisa!