Sobre arrependimentos, memórias e um novo olhar
Conversávamos sobre o Jô Soares. Seus olhos se detiveram em mim enquanto me dizia que orava todos os dias para encontrar alguém igual a ele. Como seus lindos olhos não mentiam, eles me confessaram que era em mim que você pensava. Mas não foi daquela vez que nos despedimos com um beijo. Nosso medo que seu irmão nos surpreendesse fez com que eu não tocasse seus lábios - Que arrependimento!
Todos falavam que eu iria acabar casando com você, inclusive, nosso professor predileto, de história - claro. Tacitamente, também cheguei acreditar nisso - Hoje, me pergunto se ainda há tempo. Como eu sentava a sua frente, você gostava de ficar empurrando minha carteira para trás com seus pés delicados. Quando eu te repreendi na enésima vez que tentou repetir esse gesto, aquela gorda que sentava ao seu lado disse que achava que você gostava de mim. Nesse momento, fitei em seus olhos, e era o mesmo olhar daquela vez em que nos despedimos sem um beijo.
Hoje não sei mais nada de você, mas se aquele beijo tivesse acontecido, muito provavelmente, eu não estaria passando pelo momento que me encontro hoje. Só não sei se isso é uma boa ou má notícia.
Você era parecida comigo: meiga, doce, gentil. Sempre digo para mim mesmo que nosso objetivo em vida é encontrar a nossa outra metade correspondente, aquela que nos falta. Hoje me pergunto se eu já a encontrei. Por onde será que você anda?