De repente




De repente sou trecho, emoção,
passagem sem fronteira, razão.
Vivo de repente a companheira,
suas buscas, o círculo, a vinda.
Sou num repente a fase, o ponto final,
a manchete do jornal,
lida, relida, apalpada;
sou piso de calçada,
também de repente.
Sou parceiro
na cama, verso e música.
Também num repente fui sucesso,
esquecido, empoeirado.
De repente sei que posso
abalar as estruturas de uma parceira
e sofrer a implosão imposta,
registrada por ela.
De repente sou poeta,
falo de você, sem fazê-lo pra você.
É vaga esta teoria,
se de repente estás retratada em toda minha poesia.