Soluços


O sublime gosto pela vida,
fadada a colheitas agrestes,
foram resgatados pelo sabor da derrota,
que vegetou e criou raízes.
Hoje as madrugadas são rompidas
pelos soluços sem barulho.
O silêncio é quebrado,
não existem alternativas.
Se falhei, o mundo falhou.
Se houve fracasso, a vida também fracassou.
O melodioso som dos clarins
interrompe meu deleitar.
Vago e sonhador
põe-se o radicalismo,
manifesta-se o real.
Embutido em pedras, fecho-me.
Nada sobrou, senão cinzas,
daquela fogueira ardente
que abrigou um imenso amor.
Pautas, folhas e frustrações,
restaram ao abandono,
abrigo furtivo que Deus me deu,
refúgio em nênias nas madrugadas,
com um soluço sem barulho,
que brotou e dentro da noite se perdeu.