Páginas em branco




Outra vez pela janela
entra aquele ruído,
o mesmo de antes,
pelo ar, pelo sabor,
é a saudade que vem de longe
que me fala, faz
estranho, implexo nas coisas,
em tudo quanto guardo.
Outra vez...
o mesmo suspiro;
no ar que aspiro,
o simples gosto dela,
o doce sabor de verão,
no frescor dos madrigais;
e a lembrança do amor
em mais um dia.
É hora, é tempo de fugir,
outra vez pela vida
escapar sem rumo,
que aconteça a glória
pela velha história,
se perde, se ganha,
luta, conquista,
foge,
perde e se descobre
mais uma vez em saudade.
Outra vez pela janela,
a despedida lenta e breve,
a vontade de ir,
escapar, fugir,
sem ver tudo de novo
acontecer já de velho em minha vida.