Miragem


Ainda não consegui compor um poema
que me desse os motivos para reviver
um pequeno momento,
um sonho que embalsama minha vida,
fascina minhas reações,
emociona minhas pausas de calma.
Quero um poema,
em quarto com arabescos pelas paredes,
quase sensuais, em tons leves,
de cortinas cerradas, azuis para o céu,
de lençóis ruidosamente brancos.
Pelo chão quero espaço para suas transas
mirabolantes ao som de “loves blues”,
encoberto por uma camisola
que não deveria ser rosa,
quero contraste,
cores que falem da poesia
azul, perdidamente azul
na sua tez rosada.
Quero vê-la cair de paixão
desenhando qualquer coisa no chão,
que não será percebido pelos meus olhos,
perdidos em tudo que ficou solto,
livre,
livre para arder em chamas,
para afogar nos anais do amor.
Solto para voar sem rumo
e também sem destino cair
e repousar,
repousar eternamente
neste poema que não foi composto,
praticamente, nada mais que teoria,
aflorada de um imenso amor
que só deixou saudade.