Confabulando




O tempo cria o pensamento
que passeia nele, noite a dentro
revela, mostra momentos idos
de azuis que foram lidos
pelos meus castanhos, lisos de saudade.
E os olhos falam
que estive fora,
que estivestes do outro lado,
fui, dobrei a noite,
apenas o pensamento vagueou
no vazio que o tempo criou.
Estive longe,
estivestes sem rumo
fui um assombro de criações,
cativei emoções,
enquanto seu incerto
quebrava no tempo,
declinava ao pensamento,
na vida, era minha
a saudade que passou a ser tua.
E por onde o pensamento flutua,
o tempo mais inventa,
o encontro anseia
pelo gesto que risca o espaço,
que bate, cala no silêncio,
grita no peito que explode.
Meus lisos, castanhos de saudade
procuram coibir o poço azul
sem defeitos, que o pensamento
projetado pelo tempo,
faz com que eu mergulhe numa grande saudade.