Cortinas


Do outro lado quero entender
suas formas e reformas
na conquista deste espaço que me chega,
passa, se filtra nas nuvens,
para, purificar a última benção,
quebrando tanta monotonia.
Já me esqueci da folia,
celebrando na dança os amores
que dedico a tantas,
para não lembrar que você existe,
bordando a vida pela fantasia,
vestuário discreto das dores.
Do outro lado fica a emoção,
a febre, os calafrios da solidão,
daqui de longe, perto do fim da estrada,
onde a poeira sobe alentadora
encobrindo as miragens, vultos,
coisas desconhecidas em outros cantos,
mas que falam de mim.
Enquanto falo, transgrido as cláusulas e falo,
grito nomes que se misturam,
mas quando as letras caem,
ah, Deus, formam na saudade,
na legitimidade deste amor
que vem do outro lado,
os longínquos algures onde estou.