Antagonismo




Não, não olhe para trás,
siga, não sou o mesmo.
Não que me veja,
que me sinta implexo na multidão.
Não, não páre,
eu já fui algo para você;
hoje sou apenas uma pauta
que ficou entre tantos rabiscos.
Não, não grite meu nome,
não se perca em proferir impropérios,
nada existe de limpo aqui;
a vida carregou tudo.
Não, não finja que me conhece,
Somos antagônicos, desconhecidos
nas luzes das ruas,
nas madrugadas nuas,
nas bocas dos amigos comuns.
Não, não páre,
siga, eu fiquei,
fiquei naquela tarde de outubro,
sempre, sempre
naquela tarde de outubro.