Ao jovem ator que um dia partiu num barquinho de papel
Conheci um jovem grave, como todo grande ator o deve ser.
Suas composições eram fantásticas, pois compunha imagens que a pessoa feliz e mediana jamais conseguiria conceber. Faz muito tempo que ele partiu de meu convívio, mas guardo na memória a nossa despedida, que foi a mais bela das composições...
Ele, magro, jovem, moreno, vestindo um terno preto sobre uma blusa branca, sapatos pretos com meias brancas, cabelo curto engomado, e carregava um grande guarda chuva preto. Caminhou até a beira do cais. Tirou do bolso um papel branco escrito com cifras musicais e dobrado em forma de um barquinho. Abriu o guarda-chuva preto e fincou o barquinho no topo do guarda chuva. Virou-se para o público, gravíssimo, e com a mão livre acenando adeus mergulhou na cena e partiu...