Rabiscando minha saudade




Quero ser passageiro do vento,
estar no azul, ser mais um ponto,
refletir luzes em tantos azuis.
Azuis que lembram saudades
enquanto o sol brilha.
E pela sonora trilha,
a voz inebria, embriaga
pela pena que corta a linha,
na estrada poluída barulhos,
sons quebrando silêncios,
quietude planejada,
afeita ao condensado lirismo,
buscando na ausência,
dom menos delinquente,
cobrindo a solidão com mantas,
capas de vocábulos em rimas entrecortadas
que chamam de poesia.
Mas, entre mim, o espaço e você
fica o azul do tempo,
no minuto que faz o momento
até o azul dos seus olhos.
Ah, como quero ser errante na brisa,
ser mistura em lábios cerrados
antes que o sorriso me adormeça,
para que eu caia do azul
sem que os reflexos das suas cores
possam florear meus rabiscos desconexos.