Juntos


Eu vi a poesia.
Papéis picados, soltos,
planavam libertos no espaço,
indiferentes aos rumos dos ventos.
Indiferentes aos olhos do tempo,
do cinza que se fez a nuvem.
Flutuavam, bailavam,
enquanto eu, somente eu,
recolhia da festa, a folia,
naquele virtuoso confronto
ao fundo, bem ao fundo,
o infinito, amplo, azul.
Eu e o extremo,
a distância, a ausência.
Minha minúscula presença
vadia, liberta,
não toca, não cala,
nem marca ou afeta.
Mas, eu vi a poesia
nesta sinfonia picada
que só faltou desenhar seu nome,
tirando-o da minha boca.