En(tre)lace

Quando me dei conta de que você era o uguento para minhas lacerações percebi que estava a um passo de deslizar de minhas mãos. Você tem a essência certa para meu corpo, o sorriso ideal para meus lábios, o semblante verdadeiro para minha face. Por que amar tem que vir junto do gozo sofrido? É tão sintomático. Parece que enquanto sujeito barrado sabotamos a felicidade junto ao objeto de amor por transformar o percurso em algo sintomático. Será que posso construir uma fantasia em que possamos, eu e você, nos amar e respeitar pela eternidade? Não suportaria ver-te me odiando, não pelo ódio, mas porque cristalizei tua imagem no gesto doce e indizível do olhar terno que me dás. Mesmo que lhe eacape a certeza de meu amor, insisto em declará-lo , pois há afetos que nem a morte é capaz de separar. Há um eternizar entre os amantes que ultrapassa os valores morais de qualquer normatização cultural. Talvez eu morra para voce; talvez eu morra para o mundo; talvez morra para mim mesmo, mas o vínculo e o enlace permanecerão, mas como se eu posso nem mais existir? Ora, estarão nas minhas palavras, materialidade do que há de mais subjetivo e verdadeiro. Até sucumbir a carne direi diatiamente: és o significante mestre que me recolocou no jogo da vida. Ausentaste pode ser uma possibilidade, mas a tua marca no meu corpo permanece vivida. Então, guardei Em cada beijo a doçura da nossa cumplicidade, nosso entrelaçar de corpos que impedia a rotina e fazia do nada tudo

Abraão Rodrigues
Enviado por Abraão Rodrigues em 13/12/2019
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