DE LUTO SOU APENAS CRIANÇA

Hoje o dia se apresenta com crueldade

com ares de quem já partiu

com olhar de quem não se revela,

sem cores com velas

Lembranças novas e velhas

Com verdades de quem mais não viu.

De luto na luta lutamos,

guardando a dor de quem não doeu.

No luto sou uma criança

no choro de quem a mãe perdeu,

pequena lembrança que cresce

na amargura do meu lembrar.

Águas que molham revestem

as saudades de quem não quer guardar

o espinho que fere o peito

impedindo o luto de respirar.

Cemitérios cercados de gente

com flores e engasgos mortais,

nas velas guardam esperanças

de quem foi e não volta mais.