MEU ALIMENTO

É longa! É distante! É secular!

Venho de tempos distantes,

Procurando incessante,

Algo que possa tragar.

Muitos não tiveram sorte,

De sair vivo pra contar.

Já arrisquei meu pescoço,

Por deixar seguir um osso.

Desvio prudente dos olhos,

Que latente querem me amar,

Amor infame que retiro,

Por desconhecer o senso do amor.

Do sorriso profundo,

Olhar lá no fundo,

Penetro na alma,

E de lá domino sem-par.

A aproximação é vaga,

Desabafa a calma,

Quer guarida que posso dar,

Dou ilusão.

Seus olhos mudam,

Não vem desnudo,

Mas é reflexo que querem,

Presença simbólica.

Somente na mente,

Nunca estive lá.

Parece que me conhece,

Infame ilusão.

De minha irmandade,

Saio eu solidão,

Os pescoços são raros,

Mas mordo com faro.

Do antigo Vampi,

De tão arrogante,

Cicerone sensível,

Que se faz apaixonar.

Sou oco por dentro,

Mas miragens enxergam,

Cenários,

Quem pra mim olhar.

Amei-te de verdade,

De ti senti saudades,

Mas não pude te matar,

Foste amada.

O mesmo amor que te trouxe,

É o que te protege de estar,

Eternizada, mas,

Pra isso tinha que te findar.

A morte é eterna, sou eterno,

O amor te protegeu, eu te amei,

Agora de longe te olho,

Colo-te, faço-te suspirar.

Vais me sentir, estarei lá,

Enquanto lembrar de como foi

Amar-me, incansável,

Não querendo terminar.

Mesmo quando estavas cansada, e

Eu soluçava querendo mais,

De onde vem essa fúria?

Podes perguntar!

De sempre querer mais,

Será que é normal?

Não, não mesmo!

Não saberás! Inteligente,

É mesmo que te quero,

Quero pertinho e eterno,

Eterno depois da morte,

Matar-te não posso.

Então te deixo,

Sem sentido,

Uivos nas noites,

Inundando o esquife.

Pensas que me conhece?

Não nunca me conhecerá!

Mas... Não te deixarei jamais,

Serei tua sombra.

Nas noites sonhará,

Tua carne,

Tua entranha,

Se contorcerá ao meu toque,

Não me verás,

Serei uma sombra que pode,

Ser esquecida em parte,

Mas nunca por completo.

Outro pode chegar perto de ti,

Mas o meu cheiro é que sentirás,

É a mim que chamará para sorte,

É para mim o teu gozo.

A vida irá por acaso,

Sem minha intervenção,

Levar-te a morte,

E eu a acompanhar.

Em poucos segundos,

Te buscarei,

E te trarei,

Num milésimo de segundo.

Te amarei de novo,

Te amar eternamente não poderei,

Assim vagarei por muitos anos,

Indo e vindo.

Se alimentando de vida,

Vida que não tenho.

Escreverei minhas memórias de séculos,

Gozarei as lembranças dos momentos.

Voltarei a eles,

Sentirei-os, ressuscitarei-os.

Beberei a felicidade passageira,

Mas continuarei.

Chamarei-a de saudade.

Amar, já não amo.

Se amasse não existiria,

Tenho mais que sou.

Vou, encanto, desencanto,

Nunca saio sem ferir,

Machuco o coração,

Mas depois sofro a solidão.

Mesmo estando perto,

Estou distante,

Olho, mas não posso tocar,

Desespero, te quero.

Sou sentido,

Mas não posso estar fisicamente,

E amar!

E amar!

O suor que sentiu acontecer,

Não acontecerá jamais,

Porque era preparação,

Para te tirar a áurea.

Mais fui pego antes de pegar,

A couraça do amor te salvou,

E eu me fui...

Fui-me esconder, ia amanhecer.

01/10/2007 02:20h

Caper
Enviado por Caper em 01/10/2007
Reeditado em 17/11/2015
Código do texto: T675530
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