ÚLTIMA VALSA.
A sensação de que já terminei todas as etapas, é sufocante.
A inutilidade de ter que caminhar todos os dias , caminhos que já conheço tão bem, que não me trarão nada de novo é como o desgaste de uma roda, que de tanto girar em solos irregulares passa a se auto consumir.
Não existe mais tempo para se reinventar.
Não existe mais vontade.
Ao contrário do que disse Raul Seixas:por imposição, não por opção, vou sentar no trono desse apartamento sim. E calmamente esperar a morte chegar.
Só que penso que até ela se esqueceu, e foi me deixando passar
por mazelas, inconclusas que maltratam mais a alma que o corpo. E a sensação de inutilidade que fica é uma verdadeira morte em vida.
Estou pronto e a esperar. Quando vier me cubra com seu manto negro mais bonito. Não tragas foice. Traga-me uma flor, vermelha e juntos dançaremos a última valsa.