DESPEDIDA
Quando o Diogo se aposentou em 1974, onde exercia o cargo de Assessor de Diretor na Diretoria de Crédito Rural do Banco Central, fui indicado para a vaga desocupada, não para ocupar seu lugar, pois seria muita pretensão de minha parte, mas sim para sentar-me na cadeira da sua mesa.
Deixou-nos recentemente para outras paragens, não sem antes apresentar sua
DESPEDIDA
“... Aos que me amam, para que não venham a chorar e sofrer quando eu morrer, saibam que tenho certeza de que estarei voltando para minha casa, onde meu Pai me aguarda com festa e com todos os privilégios de filho querido. Estarei indo, não para receber qualquer recompensa, visto que não tenho méritos, mas, sim, para ganhar de graça um presente do tamanho da misericórdia de meu Pai, a bem-aventurança.
Os católicos e protestantes que me perdoem, por não me ter filiado às suas igrejas. Não consegui aceitar o dogma das penas eternas, porque, se conseguisse, como poderia amar a Deus? O Deus que, sendo Todo Poderoso, não daria uma nova oportunidade aos seus filhos que falharam nesta vida? Evidentemente esse Deus seria rancoroso e teria a paciência limitada, muito curta mesmo; ele não poderia ser o mesmo a quem Jesus chama de Pai e que perdoa não apenas sete vezes, mas, setenta vezes sete vezes. Definitivamente esse não parece o Deus a que S. João equipara ao Amor.
Os espíritas que me perdoem também, por não ter filiado à sua doutrina. Não consegui aceitar a auto redenção, através das reencarnações sucessivas, porque confio na misericórdia divina. Creio nas reencarnações, mas, como oportunidades que a misericórdia do Pai nos oferece para chegarmos ao arrependimento. Mas, uma vez arrependidos, não vejo mais por que reencarnar, eis que àquela altura passamos a sentir, automaticamente, a alegria da certeza de que o sacrifício de Jesus nos limpou de todas as culpas e nos deu acesso definitivo à bem-aventurança.
Tenho toda a certeza de que, como a Barrabás, o bandido, a Dimas, o ladrão e a Madalena, a prostituta, Jesus perdoará também a mim, o pecador, e me livrará de ter de voltar a este vale de lágrimas, se eu perseverar até o fim, tendo-O, no fundo do meu coração agradecido, como o meu adorado irmão mais velho que, movido pela infinita misericórdia por nós, inerente à sua condição divina, pagou com seu próprio sangue todas as minhas dívidas perante a Justiça Celestial, livrando-me, assim, de eu próprio de ter resgatar (leia-se, inclusive através de novas encarnações) os delitos que pratiquei nesta e nas encarnações passadas. Quando se recebe o perdão da dívida, desaparece a contabilidade! Não havendo mais débito, nada mais há a receber a crédito! ...”