AOS MEUS AMIGOS
AOS MEUS AMIGOS
50 ANOS DEPOIS...
Ontem estive remexendo as minhas memórias, que já não são tão confiáveis e busquei reavivar as lembranças de tempos passados.
Acabara de sair da churrascada que fazemos duas vezes ao ano para reunir os amigos que serviram comigo o Exército. Ali passamos momentos agradáveis, com pessoas que já se tornaram como que verdadeiros irmãos.
Já não somos mais os mesmos, ou melhor, não somos nem sombra de quem fomos a 50 anos atrás, afinal meio século já passou. Já não temos mais o rosto iluminado por belos sorrisos alegres, pondo a mostra alvas dentições, sorrisos esses causados pelas abundantes esperanças e sonhos que fervilhavam em nossas mentes. O brilho dos olhos que faiscavam alegria e felicidade de um tempo inocente, onde bandidos temiam os policiais, onde havia o respeito pelos mais velhos, pelas autoridades, pelos médicos, advogados, engenheiros, padres e principalmente pelos professores. O tempo onde os mais jovens cediam o lugar nos assentos de bancos e cadeiras aos mais velhos, as grávidas, as mulheres com crianças no colo. Onde as atitudes mais ousadas era o bater de pés nas matines dos domingos, quando o lanterninha vinha chamar nossa atenção. Um tempo em que o coração acelerava, a palma das mãos suavam frio, a respiração tornava-se ofegante ao avistar a namoradinha amada e que era respeitada e se dava ao respeito. Pegar na mão dela? Ah! Só depois de alguns dias de namoro, pegar no ombro, na cintura era como um ritual com datas marcadas. O primeiro beijo? No mínimo só após um mês de namoro. Esse tempo delicioso ficou lá atrás dessa longa estrada que já percorremos, tão longe que já nem enxergamos mais, restou apenas um fio de remotas lembranças felizes.
Enfim o tempo inexorável passou com uma velocidade incrível.
Servir as Forças Armadas foi algo marcante em nossas vidas, pois ali deixávamos a criança para trás para nos tornarmos adultos responsáveis.
Então em nossas reuniões olhando para meus amigos/irmãos e já não se vê mais os capacetes, os bico de patos que usávamos naquela época, mas sim vemos cabeças brancas que são as marcas da longa estrada percorrida.
Nossos corpos já não têm a agilidade que tínhamos, são corpos arqueados pelo peso que a vida nos impôs.
Mas hoje temos algo a mais que não possuímos antigamente, temos a vivência, a experiência e a sabedoria acumuladas durante muitos invernos e que nos possibilita entregarmos nosso amor, companheirismo e união para aquele grupo heterogêneo, mas unidos por sentimentos fortes e inabaláveis.
Como é difícil a hora da despedida, vejo em muitos o desejo de ficarmos por muito mais tempo ali, pois naqueles momentos em que estamos juntos somos remetidos a tempos idos imemoráveis, o que de certa forma nos torna acima de tudo cúmplices dividindo a mesma saudade, e por alguns instantes, por lapsos de memórias nos tornamos jovens novamente.
Por tudo isso deixo um recado a todos, porque de certa forma faz parte de nosso grupo:
Não se distancie de seus amigos...
Houve uma vez dois amigos
Eles eram inseparáveis, eram uma só alma. Por alguma razão seus caminhos tomaram dois rumos distintos e se separaram.
E ISTO INICIOU ASSIM:
Eu nunca voltei a saber do meu amigo até o dia de ontem, depois de 10 anos, caminhando pela rua me encontrei com a mãe dele . Eu a cumprimentei e perguntei por meu amigo. Nesse momento seus olhos se encheram de lágrimas. Olhou-me fundo nos olhos dizendo:
- “Morreu ontem...”.
Não soube o que dizer à ela que continuava me olhando e perguntei como ele tinha morrido.
Ela convidou-me para ir a sua casa, ao chegar ali me chamou para sentar na velha sala onde passei grande parte de minha infancia, sempre brincávamos ali meu amigo e eu. Sentei-me e ela começou a contar-me a triste história.
- “Faz 2 anos... Diagnosticaram uma rara enfermidade, a sua cura dependia de receber todo mês uma transfusão de sangue durante 3 meses, mas.... Recorda que seu sangue era muito raro?”.
- “Sim, eu sei, igual ao meu”. Respondi já começando a me abalar por imaginar o que sucedera.
- “Estivemos buscando doadores. Por fim encontramos a um senhor mendigo. Teu amigo, como deves te lembrar, era muito cabeça dura, não quis receber o sangue do mendigo. Ele dizia da rica pessoa que receberia sangue... seria de ti, mas não quis que te procurássemos, ele dizia todas as noites: “Não o procurem, tenho certeza que amanhã ele virá!”.
Assim passaram os meses, e todas as noites se sentava nessa mesma cadeira onde estás tu sentado e orava para que te lembrasses dele, e viesse na manhã seguinte. Assim acabou sua vida, e na última noite de sua vida, estava muito mal, e sorrindo me disse:
- “Mãe, eu sei que logo meu amigo virá e então você pergunta pra ele porque demorou tanto para vir e entrega a ele um bilhete que está na minha gaveta”.
A senhora se levantou, regressou e me entregou um bilhete que dizia:
- “Meu amigo, sabia que viria, tardastes um pouco, mas não importa, o importante é que viestes. Agora estou te esperando em outro lugar espero que demores muito a chegar aqui, mas enquanto isso quero dizer que você tem um amigo cuidando de ti, meu querido melhor amigo. Ah, por certo, te recordas porquê nos distanciamos? Sim, foi porque não quis te emprestar minha bola nova, rsrs, que tempos... éramos insuportáveis, bom pois quero dizer que te dou ela de presente e espero que goste muito. Amo você! Teu amigo para sempre.
Lembrete:
“Não deixes que teu orgulho possa mais que teu coração...
A amizade é como o mar, se vê o principio, mas não o final”