Sou colecionador de Amores

Peguei-me a pensar: o que possuo? Cheguei a conclusão que, não possuo nada!

Tudo o que tenho não é meu. Faço uso de coisas que no momento posso dizer possuí-las, mas à frente, não vejo pertencer. Então, decobri que o meu tesouro é o amor. Não a objeto frio e sem vida, mas às pessoas. Amor que faz aquecer o coração, que nos afaga na doce ternura de o possuir.

Ao longo do tempo, fui acumulando pessoas dentro de mim e que aos poucos foram se misturando ao meu eu. "Acumular é um dos mais profundos instintos da alma. Porque a alma ama. O amor deseja possuir", diz Rubem Alves.

Possuir, não no sentido de aprisionar, mas de deixar livre. Mesmo que deixando-as livres, corramos o risco de perdê-las. Não do nosso coração, mas dos nossos olhos.

As pessoas me pesam, assim como pesam as lágrimas nos olhos ao pensar em me desfazer deste doce e suave fardo.

Assim, compreendi que o amor não acaba. Se transforma. Transforma em saudade.

Há quem diga que, sentir saudade não é bom, porque dói. Entretanto, digo que quem pensa assim nunca soube o que é amar. Pois, a dor da saudade nos recorda que o nosso coração um dia se fez porto.

Muitas destas pessoas ainda permanecem ancoradas dentro de mim. Algumas, ergueram sua velas e partiram, não porque deixei de amá-las, mas o ir se fez necessário. Outros ainda, vez por outra se decidem partir, mas retornam guiados pela gostosa saudade de algo vivido intensamente.

Este é o meu tesouro. Sou colecionador de amores. Colecionador de pessoas amei e ainda se fazem presente.

Sou feito deste ir e vir. Na alegria da espera daqueles que se foram.