Além do Atlântico

A relação equidistante que se instaurou entre nós

aliada a minha declaração de quase independência

não afastam a necessidade de tê-la comigo, mamãe.

Nós não somos culpadas pelas escolhas do destino,

mas, isto não importa, pois temos uma a outra!

A carta que está em suas mãos não foi entregue

por mim. Mas, a senhora consegue imaginar

como seria? Poderia ler o meu sorriso? Coloquei

o em meu rosto quando lhe escrevi esta mensagem.

Será que a senhora ainda se lembra daquela menina de

cinco anos que corria ao seu encontro para matar a saudade,

após ter se afastado de mim por míseras horas?

Essa menininha ainda existe, mamãe, embora eu tenha

me tornado mulher. Cresci o suficiente, mas a saudade

hum...a saudade não encontrou o seu tamanho ideal.

Espero que o seu dia tenha sido tão extraordinário

quanto o meu. Gostaria de saber o motivo? Primeira

dica: não me refiro a minha carreira profissional.

Ei! Espere um pouquinho! Mamãe, onde a senhora está com

a cabeça? Não conheci nenhum garoto. Nossa! Que safada!

Eu também estou ansiosa por este dia, mas, convenhamos

as oportunidades e os romances vem e vão.

Ontem debrucei-me sobre a minha penteadeira que, aliás,

está do jeitinho que a senhora deixou, mamãe. Impecável!

Em minhas mãos tomei a caneta que a senhora me deu com

todos os "pompons" e requintes que uma mulher mereça ter.

É como lhe disse, a saudade estava me maltratando. Pensei

em fugir, atravessar o Atlântico. Precisava de respostas. Foi

aí que a sua foto saltou do porta-retratos. Lembrei que não

estava sozinha, tenho a senhora que sempre torceu por mim!

Não é extraordinário encontrar a si mesma depois de pensar que

está perdida sem saber aonde ir? Precisava escrever, precisava

agradecê-la e sim mamãe eu ainda preciso de ti. Volta logo!

Autor: Augusto Felipe de Gouvêa e Silva.

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Poeta Curitibano
Enviado por Poeta Curitibano em 11/09/2016
Reeditado em 04/01/2017
Código do texto: T5757970
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