DOIS DE MAIO
Dedicado a Maria de Oliveira Santos.
Minha vó e mãe,nesse frio, hoje o que me envolve é saudade.
Um sentimento que não cabe no peito, e insiste em escorrer pelos olhos.
Sinto falta até de seu olhar de repreensão. Nele podia ver onde estava eu erro...e mesmo que eu fosse uma adolescente desobediente, hoje sou uma adulta que sabe o que é certo.
Saudade da comida feita no fogão a lenha, comida com gosto de amor.
Amor, de uma mulher guerreira que colocou sobre os ombros cinco vidas para cuidar. Saudade do cafezinho quente,na beira do fogão a lenha...Saudade do cheiro de café torrado, de cada grão que virava a peneira, o barulho do pilão socando amendoim para fazer aquela farinha deliciosa que a senhora fazia. Saudade de ver você sentada na sala sorrindo até soluçar, assistindo o programa do ratinho.
Saudade de ficar doente, e não precisar de hospital. Só tomava um chazinho que a senhora fazia e no outro dia estava tudo bem.
Saudade da casa cheia. Saudade da sua alegria ao ver a casa cheia.
Saudade de fazer as unhas dos teus pés, e ver que você achava lindo.
Saudade de ver você orando por nós.
Sinto falta até dos tapões na orelha que eu tomava, por merecer.
Não corria, porque sabia que se eu corresse, a senhora poderia cair e se machucar...Então eu só fechava os olhos, e lá vem tapa!
As vezes, sentada, pensando na vida, eu sinto a sua presença, suave, e posso até sentir um cheiro doce vindo no ar, me indicando que você está perto de Deus, mas sempre olhando por nós.
Hoje, dia 02/05...seria um dia de festa.
Mas hoje...é saudade sem fim.