E a Gabriela se foi
E A GABRIELA SE FOI
Miguel Carqueija
“Quanto mais conheço os homens, mais gosto do meu cachorro.”
(dito popular)
E foi embora, dia 7 de janeiro de 2012, minha gentil “poodle” negra, Gabriela. Tinha treze anos, o que, para os cachorros, é bastante idade. Poderia ter vivido mais, porém assaltou-a fatal anemia declarada a partir de 26 de dezembro. Agradeço a Deus tê-la levado sem muito sofrimento.
Tentamos tratá-la, sim. Gabriela recebeu medicações diversas e, no começo, até apresentou uma boa melhora. Quando da morte de minha mãe, porém, em 1997, aprendi com Dom Ireneu Pena (admirável monge beneditino) que existe uma coisa chamada “a visita da saúde”: pessoas (ou animais) em estado terminal podem apresentar uma grande todavia efêmera melhora.
Gabriela já quase não se alimentava. No último dia de sua vida na Terra, no entanto, não parecia que o desfecho estivesse tão próximo, pois de manhã ela ainda passeou na rua, ainda andou um pouco, mesmo voltando carregada. E depois, já em casa, ainda latiu várias vezes.
Mas o fim chegou pelas duas da tarde, graças a Deus, como eu disse, sem muito sofrimento.
Era uma poodle grande, e uma grande poodle. Meiga e mansa, jamais mordeu alguém. Em tempos, foi muito esperta. Adorava passear, e subia correndo a escada no prédio onde antes morávamos. Mas isso foi bem antes da progressiva cegueira que veio com a idade, ela passou a se mover pouco, a ficar mais tempo deitada, assim teve início a desconstrução de Gabriela.
Querida “poodle” negra: estás agora no Céu dos Cães, já te juntaste à Malú e ao Veludo. E eu fico pensando se, de onde estás, podes ver aqueles que te conheceram na Terra, e este teu pobre dono que tanto te estimou.
Rio de Janeiro, 8 a 10 de janeiro de 2012.
(texto originalmente publicado no Portal Entretextos em 11/1/2012)
E A GABRIELA SE FOI
Miguel Carqueija
“Quanto mais conheço os homens, mais gosto do meu cachorro.”
(dito popular)
E foi embora, dia 7 de janeiro de 2012, minha gentil “poodle” negra, Gabriela. Tinha treze anos, o que, para os cachorros, é bastante idade. Poderia ter vivido mais, porém assaltou-a fatal anemia declarada a partir de 26 de dezembro. Agradeço a Deus tê-la levado sem muito sofrimento.
Tentamos tratá-la, sim. Gabriela recebeu medicações diversas e, no começo, até apresentou uma boa melhora. Quando da morte de minha mãe, porém, em 1997, aprendi com Dom Ireneu Pena (admirável monge beneditino) que existe uma coisa chamada “a visita da saúde”: pessoas (ou animais) em estado terminal podem apresentar uma grande todavia efêmera melhora.
Gabriela já quase não se alimentava. No último dia de sua vida na Terra, no entanto, não parecia que o desfecho estivesse tão próximo, pois de manhã ela ainda passeou na rua, ainda andou um pouco, mesmo voltando carregada. E depois, já em casa, ainda latiu várias vezes.
Mas o fim chegou pelas duas da tarde, graças a Deus, como eu disse, sem muito sofrimento.
Era uma poodle grande, e uma grande poodle. Meiga e mansa, jamais mordeu alguém. Em tempos, foi muito esperta. Adorava passear, e subia correndo a escada no prédio onde antes morávamos. Mas isso foi bem antes da progressiva cegueira que veio com a idade, ela passou a se mover pouco, a ficar mais tempo deitada, assim teve início a desconstrução de Gabriela.
Querida “poodle” negra: estás agora no Céu dos Cães, já te juntaste à Malú e ao Veludo. E eu fico pensando se, de onde estás, podes ver aqueles que te conheceram na Terra, e este teu pobre dono que tanto te estimou.
Rio de Janeiro, 8 a 10 de janeiro de 2012.
(texto originalmente publicado no Portal Entretextos em 11/1/2012)