Areias e águas!
O sol veraneio despontava com as férias escolares. E, com muito ânimo os infantis vibravam a oportunidade de correrem pelas areias, pelas praias em ampla liberdade. Praias que revelavam a sublimidade divina.
Do forte inverno, restavam excelentes areias para acampamento dos amigos, dos irmãos (inclusive de fé) nas margens do caudaloso Tocantins e, da saudosa Babaçulândia.
Do outro lado, o lado maranhense, se encontravam as tenras areias que aglomerava em espaços unidos as vozes alegres embaladas pelos ritmos do violão. Vozes que cantavam o amor por um lugar extremamente ímpar. Lugar que guardava segredos de corações enamorados, de corações adolescentes que jamais tivera voz e coragem para dizer o amor que sentira.
Praias em que se reuniam os amigos sinceros. Amigos levadas pelas barcas "Rainha do Mar" e "Rainha do Tocantins". Praias que após o veraneio se via coberta por águas barrentas das fortes chuvas, mas que novamente se mostraria aos que dela desfrutariam na nova temporada.
Hoje não existem praias. Existem apenas águas. Águas que afogaram os sonhos dos infantes, dos adolescentes, da jovialidade e dos barqueiros que sobreviviam às custas do transporte de passageiros. Hoje as águas já não são barrentas e passageiras. Hoje são apenas águas vertidas da face. Águas que escorem com sabor salgado ao paladar. Águas, muitas águas, na verdade águas-lágrimas.
As férias são águas, os desejos e as vozes também. Tudo água. Águas de lágrimas, porque as areias se foram. Submersas não fazem sentidos, não unem amigos, irmãos de fé, não unem corações e não entoam vozes sinceras ao amado lugar.
Findou-se o universo das areias. Restaram apenas águas. Por isso, seguro as poucas lágrimas sentimentais, saudosas, ao contemplar o cair da tarde na orla da pequena-grande Babaçulândia-TO, sabendo que lá, lá no meio das águas do agora confundível Tocantins, sempre existiram praias.
Aos que lá viveram deixo as areias. Ao que a contemplam hoje, saibam que antes havia areias e águas.
Fica a todos uma gota de areia!