Aleksander Henryk Laks
Sr Aleksander viveu bravamente. Às vezes eu pensava que vivia assim, pra provar, que antes e apesar, ter vindo ao mundo era bom.
Sua passagem por aqui foi marcante. Foi desafio que ele transformou em missão.
Se existe um lugar pra onde se vai, que ele se encontre com todos que o deixaram antes sem terem tido tempo bastante de amar, de viver ou de se despedir. E que esteja em paz.
Sr Laks sofria de uma sinestesia dramática. Lembranças pavorosas o atormentavam no dentista se precisasse usar turbina de alta-rotação. O cheiro de dente cortado, lembrava o crematório. Na primeira consulta há uns 15 anos, ele me explicou isso. Eu disse que não estudei para 'cortar dentes'. Estudei para proteger e conservá-los inteiros. Nunca deixei um cheiro mau revolver aquelas lembranças. Sr Laks além de bravo nos dois sentidos, porque não era sempre doce, tinha muito senso de humor e nos conquistava com a sua graça, suas piadas, e suas histórias de repetir pra que nunca esquecêssemos. Eu gostava de cuidar para que fosse um vovô com todos os dentes, pra poder sorrir, se alimentar bem, e falar com confiança, as suas histórias de ensinar.
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