Mãe!

        A casa continua desarrumada, nada mais tá no mesmo lugar. A tua cama não está mais ao lado da minha, quando me deito, tu não estás mais lá. Tá tudo muito confuso, não escuto mais a tua voz, mas tu permaneces em todo lugar: no quarto, no banheiro, na sala, no corredor.. E a janela Mãe? Ela, sim, reflete tão bem a tua inatingível presença, pois era ali, que, absorta em pensamentos, revivia todo o teu viver. Hoje fechada, pois tu não estás mais ali. Permaneço aqui com a minha saudade, e tu aí Mãe, rodeada de anjos, de flores, ao lado do Pai, no lugar que tão bem soubeste conquistar. É isso mãe, tu e eu, longe, bem distante, eu não consigo ouvir a tua voz teimando comigo na hora do banho, na hora de dormir. E o teu sorriso, aquele sorriso, Mãe, que tu bem sabias retratar. Agora a casa, a tua casa, a nossa casa, está repleta de saudades, o quarto amontoado de lembranças, e eu, aqui, na esperança de um dia te reencontrar.

 

(fátima fontenele Lopes)

Rascunhos da Alma