Fim do ato

Mais uma vez

a luz se apaga

para mim, para você.

E pelo cigarro que a boca traga

as imperfeições sobem com a fumaça,

se escondem pelo teto

que cobre a ríspida melancolia

da história mal contada,

da luz apagada,

do medo do escuro,

na perseguição do futuro

sem se encontrar.

Mais uma vez vejo ao longe

a estrada que fizemos

sem que marcas ficassem

de mim, de você.

Mais uma vez

pela última calada

silenciosa, sem defeitos,

fugimos em espaços sem encontros.

Foi a vez das vozes,

dos sons e ruídos

pelos ouvidos

que extinguiram os termos,

as palavras que sobraram,

ainda soaram

soltas aqui dentro,

engolidas pela boca que traga

mais um cigarro,

enquanto a fumaça

desalinha pelo teto

a saudade impregnada pelo quarto.