Sombras
Mais uma vez
engoli o fel que a vida
maliciosamente pôs em minha boca.
Mais uma vez...
você foi e eu fiquei
sem saber por onde
e como começar a esquecer
aquilo tudo que se esconde
por um louco orgulho.
E sem barulho
lamentei, chorei pelos cantos,
nas vielas sombreadas
em cada passada,
os reflexos ficavam para traz
mas os complexos se erguiam
imponentes à minha frente,
dividindo mais as limitações,
as confusas idéias que machucam
e me recolhem aos interiores
das coisas que criei.
Mais uma vez
o jogo é feito, como números
os dias se repetem,
nada muda, sem contornos,
lampejos
ou simplesmente desejos,
são os calmantes
eternos amantes
que revidam os ensejos
daquele, daquele momento
jamais colhido por amor,
apenas pago, com sabor venda,
compra vulgar
por mais e muitas vezes ainda
hão de vir.