Querida vovó

Como é triste o tempo que passo longe da senhora, são incontáveis os momentos que me pego lembrando de ti, tantos são os pensamentos, tantas são as lembranças, as vezes me pego olhando no espelho que foi teu, busco no fundo dos meus olhos,rever sua imagem refletida.

Agora que lhe escrevo esta carta me encontro no teu quarto, lembro de seus cabelos, seu olhar e seu cheiro, sua voz cansada, lembro de todo sofrimento a qual a senhora, vovózinha querida passou em seus últimos dias, me perdoa vovó por achar que a senhora exagerava nas lamúrias, é que no fundo eu é quem estava doente, a lei da vida é essa nunca teriamos a mesma idade, no mesmo tempo, vózinha quando lhe pedia pra sorrir, queria eu desacreditar da enfermidade, pois vozinha querida, suas lágrimas e seu sofrimento pra mim eram um punhal afiado, mas agora vovó vejo que a saudade estraça-lha meu coração, vovó nunca mais irei segurar suas mãos trêmulas, tão pouco conversar sobre uma receita culinária, ou falar sobre qualquer outro tema de seu interesse, nunca mais ouvirei seus lábios pronunciarem meu nome, nunca mais sentirei o calor do teu abraço, saiba que minha tristeza é enorme e sem precedente, vovó quando ler esta carta não chore, sorria. Eu continuarei olhando o espelho que foi teu, quem sabe um dia eu realmente veja seu reflexo dentro dos meus olhos, pois dentro do meu coração a senhora já está.

Grande abraço e beijo. Da sua primeira e única neta

jamile silvestre
Enviado por jamile silvestre em 23/04/2007
Código do texto: T460262