Quanta Saudade (18)
Quando desponta o brilho do sol, iluminando nossos dias, não há como resgatar do que passou os momentos que nos fizeram tão próximos, complementos de vidas entalham as estações nos acariciando com o veludo azul da ternura que nos imortalizou ao lado de cada amigo... Amigos, o preto e branco dispostos nas nossas antigas horas pintam estas estrelas imóveis e imortais, despertando o emotivo de tantas e carinhosas conversas, cada qual arquivada em lambrequins e varandas chamados saudade...
Se tivessem as almas poderes de retirar da inércia do retrato o sorriso para lhe dar vida no momento de agora, em minha escrivaninha ao invés de letras, colecionaria gargalhadas ao renascer de tantas e deliciosas passagens delineadas na cumplicidade e singularidade de cada amizade vivida.
Por certo, retomaria em cada esquina uma despedida, ressuscitaria tanto adeus, para vivê-los um pouquinho mais, poupando o coração de fixar um semblante, para imortalizar em nossa alma, a satisfação de uma amizade, o carinho supremo de um grande amor, a fé compartilhada em só Deus.
E quando quem sabe no entardecer da existência, puder sentar em uma sombra qualquer, possa chorar a ternura de uma amizade, reafirmar a fé na vida, dividir as páginas amareladas da vida com o querido e eterno amor, sob o olhar benevolente do pai, pousado sobre a tez flácida e os olhos descoloridos de quem viveu e pode dizer que amou...
Aos meus amigos se pudesse eu deixaria uma flor, não para que eles a guardassem pelos anos como símbolo de uma lembrança, sobre o qual o tempo poderia mostrar seu poder, mas para que no momento da doação o seu perfume impregnasse o ar, tornando indelével a ternura, inesquecível o carinho e grata a alma por ter vivido uma verdadeira amizade, que pode ser lembrada na simplicidade de uma flor, embora a saudade e as vidas que se tenha que viver...!
Malgaxe