Bolinho de chuva.
Para Maria Antonia, minha mãe, falecida no Dia das Mães -10/05/2000.
Pois é, ainda chove.
Gotinhas prateadas brincam de escorregador na minha vidraça.
O sábado passa.
Tive vontade de comer bolinhos de banana salpicados com açúcar e
canela: bolinhos de chuva.
Ninguém mais me fará bolinhos iguais aos dela...
Sopro a vidraça e desenho um coração,
como fazia quando a gente morava na casa amarela.
Hoje, a casa está vazia e o meu peito repleto de lembranças.
Gotas brotam dos meus olhos e escorrem...
escorrem pelas minhas faces...
Chovendo me vejo.
Embaçaram meus óculos...
alguém os terá soprado?
Talvez.
Ao retirá-los, percebo algo desenhado.
Reconheci o contorno daqueles lábios:
-Mãe, foi como se mais uma vez você tivesse me beijado!
20/09/2002