O TÍTULO É VOCÊ
Você que sentiu meu sabor todas as vezes em que desejou, cravando-te em mim como a adaga no peito de um pirata. Um pirata vagabundo, é verdade, mas apaixonado. Não tens nem uma gota de piedade, marujo? Atira-te ao mar e depois recua? Covarde! Em minha pele ainda arde o nosso fogo, entre minhas pernas um grito de desejo ecoa e em meu peito um rombo gigantesco jorra dor, ódio e mágoa. Os dias já não tem o gosto doce da tua boca, mas sim o salgado das lágrimas. Tenho estranhado os tons cinzentos da vida que desbotou e fitado o horizonte vazio, por horas a fio. Tenho dito bobagens e rimado passagens, que a prosa despreza. Tenho me encontrado com Deus, o deus eu, que se esconde na alma. Tenho feito amor, daquele mesmo jeito, medíocre e perfeito, a vida andar.