A UM AUSENTE MEU LUTO
Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste
ou mãe amada hoje vos partistes deixando me
com muitas saudades, de teus beijos, seus abraços,
seus sorrisos seu geito carinhos de mãe
Neste local solitário
Na imensidão da noite
O vento forma um açoite
Dentro desse santuário
Mora um amor solidário
Nome santo imaculado
De todos o mais amado
E eu sempre em desatino
NO JAZIDO DO DESTINO
RESIDE UM AMOR SAGRADO
Em memória de minha mãe:
ANA OLIMPIO