LEDO
Autora: Genuzi de Lima
O que dizer?
O que escrever?
Sem o escrito, o que é o eu-lírico?
Sem as letras, o que é o poeta?
Um ser inefável
Uma pessoa sem bússola.
Sem o escrito, somente um rabisco nas paredes,
Um risco sem intérprete para decodificar.
Sua mensagem escrita nas estrelas, não perece nas águas do mar.
Que é o escrito?
Senhor nas terras, nos mares,
Livre como o pássaro nos ares,
A minha inspiração?
É a expressão da liberdade.
O meu escrito pode até ser um ledo engano.
Mas, imita a persistência da águia.
Escala montanhas.
Dribla marés.
Caminha nos lençóis de areia,
E galopa nas costas do vento.
Sou poetisa.
Escrevendo, quero janeiro.
Reescrevendo, quero dezembro.
Cravado na essência, Alagoas,
Maceió, Nordeste, Brasil.
Reiterando saudade.
“Repentinamente, as vozes da infância nos chamam para a feérica viagem e lembram que podemos fugir para o longe guardado ainda no sempre.
Então, nossas necessidades não se reduzem apenas a comer, dormir e amar.
Temos necessidade de anjos, para ser homens.
Temos necessidade de anjos, para ser poetas.”
É Lêdo Ivo.
Não é segredo.
No rochedo, grafado.
No cérebro, guardado.