Para poder viver.
Bom dia meu amor, meu amigo, meu irmão...
Escrevo-te essa manhã pra dizer que acordei em desalinho. Tamanho o desalinho que o café amargo não me alinha, que o fumo, ah o fumo, você se lembra? Cabia em todos os momentos. Hoje não cabe. Não floresce nem seca.
Essa manhã ao ver o sol eu pensei, imaginei. Foi uma prece aos nossos deuses. Rápida, singela. Te pedi pra ser feliz e que não te falte estrada. Que nos teus novos desencontros você se encontre. Percebi essa manhã com o sol as minhas costas que não posso te levar, te carregar. Então, se der. Se puder. Leve então algo meu. Não o coração, esse não amor. Carregue um sorriso, um abraço. Um pedaço. Eu vou indo também, vou no meu passo.
Desejo-te todo o amor do mundo pra viver sem mim, sem nós. Para viver longe, para se mudar. Eu troquei meu cheiro e o peito anda apertado. Mas não tem erro não, isso tudo passa. Quando aquela porta abrir eu vou também. Vou enfrente. Vou sem dó, sem medo. Hoje eu tenho um encontro comigo, vou dar-me colo e dizer que a dor passa. E passa, eu sei.
Desejo-te também só uma pontinha de dor, de ciúme, de amargor. Mas isso também passa. E vamos nos encontrar de olhos baixos, verdes desmaiados. Olhos baixos que é pra não se enlaçarem. Vamos indo, que também é recomeço. Se eu chover ou trovejar, e pode ser hoje, amanhã ou no próximo mês, não me leve a mal. Vá ser feliz e não volte.
Com amor de um amigo, de um irmão. Para aquele amor.