RÉQUIEM PARA JASSIARA VARJÃO
“Tia, Celi, tia Celi, o Windson pode sair às 11h e 30min hoje? Temos que estar em Vitória às 14horas, porque é a primeira aula dele na Fames.”
Essa fala feliz e orgulhosa, às 6h e 50min da manhã, não prenunciava a chuva e a tristeza que sobre nós se abateria naquela tarde e noite de 08 de março de 2005.
A manhã corria, o trabalho da semana de preservação do livro se iniciava... Entre crianças - seus discípulos prediletos- e acordes melodiosos, sua voz e suas mãos pequenas e delicadas “cantavam”, dando início ao evento. Os gestos tinham a suavidade das bailarinas e de borboletas brancas, amarelas ou azuis. Eles descreviam notas e compassos imaginários, que mesmo os leigos das seqüências dó-ré-mis ou mi-ré-dós, transformavam a música em meneios ou compassos corporais.
Ninguém conseguirá, de fato, se esquecer do ritmo conduzido por seu pezinho, sua vivacidade, animação e alegria, guiando as crianças do Cristo Rei e o coral da Unilinhares pelos fá-sol-lá-sis ou si-lá-sol-fás, que encantavam as platéias da vida.
Entre tantos lamentos e imagens tristes, não pude deixar de pensar no grande desperdício daquele Dia da mulher: perder uma tão especial!
Sabemos que pelas leis genéticas, os talentos de Jassiara e Dadá estão vivos em cada célula de Windson e Laís. Não deixemos que o tempo nos cicatrize a ponto de nos esquecermos de que a esses dois frutos devemos dedicar o mesmo carinho e amizade que devotávamos aos seus pais.
Onde quer que eles estejam, uma batuta invisível nos regerá na tarefa de educar e encaminhar seus filhos, porque em nós eles confiavam para tal.
Certamente faremos isso!