Amor à dois

A saudade no soltar das mãos, o frio na barriga na espera do chegar, a vontade de fazer torrada às três da madrugada, junto. A vontade do agarrar de um corpo caloroso, de dormir de conchinha até às onze da manhã de um domingo, de acordar e receber um “bom dia” da voz mais gostosa de ouvir. Receber flores em um dia qualquer, ver um filme debaixo do cobertor comendo pipoca até explodir, andar de bicicleta num dia ensolarado com uma mão no guidom e a outra amarrada, entrelaçada a de quem se ama. Mergulhar de cabeça no desconhecido e poder conhecer cada dia mais. Viver como se o tempo fosse representado através de vários inícios, e não deixar a distância dominar por conta de qualquer besteira. Dizer e ouvir um “eu te amo” com o olhar de um sorriso. Despirem-se, vestirem-se e se quererem como jamais no mundo pareceu-se querer. Fazer ser surpreendente. Prometer a eternidade do compromisso, entrelaçar as almas, viver o amor à dois, senti-lo e manifestá-lo - não em palavras (porque um “eu te amo” quase nunca é suficiente), mas sempre de um jeito diferente. Fazer cada passo simples virar uma explosão interna, uma vontade de soltar fogos e gritar ao mundo a felicidade. Receber e fazer declarações de amor às quatro da tarde, mandar letras de música, cartões, textos de muito mais de cento e quarenta caracteres e revelar fotos para que estas sejam colocadas na mesa de um cômodo da casa. E mesmo assim, nunca ser suficiente. Dividir o bombom, o sorvete, a cama, a casa e o eu. Querer dividir. Querer estar perto, cuidar, poder viver cada segundo junto, ser parceiro, companheiro, poder confiar e ser confiável. Querer. Querer fazer do outro a pessoa mais feliz do mundo, podendo ser a pessoa mais feliz do mundo também.

Alice w. Correa
Enviado por Danielly Martins em 21/09/2012
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