Retorno
Estou voltando
de uma longa caminhada
despido de fantasias
e de diminutas manias...
Estou voltando
com o rosto molhado de suor
e o corpo quente,
transpirando de calor.
Estou descendo
a montanha
dos meus sonhos
e desenganos,
de andanças e desencontros.
Aqui estou,
simplesmente.
Quero te abraçar
na planície
do encontro
despido de tudo
que é vão e falso.
Quero te olhar nos olhos,
te amar na ausência
e te reconhecer
na eterna presença
Quero me entregar
no abraço
mais gostoso,
molhar o teu
e o meu rosto
com lágrimas de vida
Quero te contar tudo,
agora sem pressa.
Com voz macia e calma,
pausada e refletida.
Te falar
sobre o que tu já sabias
e que me deste
a liberdade
da ventura de viver
Quero, ainda,
imperfeito,
te pedir que me deixes
outras montanhas subir.
Não me esqueças,
te suplico;
Quero descer e subir,
subir e descer.
Quero te pedir:
anima outros
a fazerem constantemente
o mesmo.
A realização do sonho
que renova
e dá sentido à vida
está sempre na continuidade.
Morreria o mundo
se assim não fosse.
Hoje eu quero,
ciente e consciente,
me entregar
e me deixar envolver
na tua trama de vida.
"Quem evita Vênus e dela foge
sem cessar, diz Plutarco, peca tanto
como os que a seguem demasiado"
Ó deusa, insinua Lucrécio, só tu governas a natureza;
sem ti ninguém vê a luz do dia,
e não há alegria nem prazer".
Avalia meus propósitos,
julga a minha vontade
e decides sobre
a minha frágil
condição humana.
Quero te encontrar sempre...
Importa pouco
se animado pela escalada,
determinado pela ânsia
da visão
de tudo ver e sentir,
ou, ainda, pela desventura
de nunca mais poder voltar.
"O verso do poeta
tem dedos acariciadores",
porque a poesia encerra, efetivamente,
algo mais amoroso do que o próprio amor.
Vênus nua, viva e palpitante
não é tão bela como a descreve Virgílio.
"Na surpreendente arte de amar",
pouco importa o verso e o poeta,
mas reconhecer que, na vida,
"o artista é você,
no exercício de viver".
"Meu retrato ainda na parede
meio amarelado pelo tempo
como a perguntar por onde andei",,,
Roberto Gonçalves
Estou voltando
de uma longa caminhada
despido de fantasias
e de diminutas manias...
Estou voltando
com o rosto molhado de suor
e o corpo quente,
transpirando de calor.
Estou descendo
a montanha
dos meus sonhos
e desenganos,
de andanças e desencontros.
Aqui estou,
simplesmente.
Quero te abraçar
na planície
do encontro
despido de tudo
que é vão e falso.
Quero te olhar nos olhos,
te amar na ausência
e te reconhecer
na eterna presença
Quero me entregar
no abraço
mais gostoso,
molhar o teu
e o meu rosto
com lágrimas de vida
Quero te contar tudo,
agora sem pressa.
Com voz macia e calma,
pausada e refletida.
Te falar
sobre o que tu já sabias
e que me deste
a liberdade
da ventura de viver
Quero, ainda,
imperfeito,
te pedir que me deixes
outras montanhas subir.
Não me esqueças,
te suplico;
Quero descer e subir,
subir e descer.
Quero te pedir:
anima outros
a fazerem constantemente
o mesmo.
A realização do sonho
que renova
e dá sentido à vida
está sempre na continuidade.
Morreria o mundo
se assim não fosse.
Hoje eu quero,
ciente e consciente,
me entregar
e me deixar envolver
na tua trama de vida.
"Quem evita Vênus e dela foge
sem cessar, diz Plutarco, peca tanto
como os que a seguem demasiado"
Ó deusa, insinua Lucrécio, só tu governas a natureza;
sem ti ninguém vê a luz do dia,
e não há alegria nem prazer".
Avalia meus propósitos,
julga a minha vontade
e decides sobre
a minha frágil
condição humana.
Quero te encontrar sempre...
Importa pouco
se animado pela escalada,
determinado pela ânsia
da visão
de tudo ver e sentir,
ou, ainda, pela desventura
de nunca mais poder voltar.
"O verso do poeta
tem dedos acariciadores",
porque a poesia encerra, efetivamente,
algo mais amoroso do que o próprio amor.
Vênus nua, viva e palpitante
não é tão bela como a descreve Virgílio.
"Na surpreendente arte de amar",
pouco importa o verso e o poeta,
mas reconhecer que, na vida,
"o artista é você,
no exercício de viver".
"Meu retrato ainda na parede
meio amarelado pelo tempo
como a perguntar por onde andei",,,
Roberto Gonçalves