° 'notícias do I.M.L' °
Em meio a tantas notícias tolas doeu quando passei os olhos na palavra 'desaparecida', ali murcha, acompanhada de frases de efeito sem efeito algum. Estava sim desaparecida, alma andarilha. E eu os via, em cada beco, buscando restos, rastros de mim. Ninguém soube dizer quando sai de casa. E preocuparam-se. E procuraram-me. Buscavam um corpo, pedaços d´um corpo. No freezer; na mala; às moscas; no quintal d´uma casa abandonada; queimado; sem cabeça, ao léu e ao lado d´uma carta de despedida. Posso até parecer blasé, porém não sou. Sou excesso e sempre gostei de alimentar dramas (monólogos raramente apresentados ao grande público). Permaneci assim, por tanto tempo, até que alguns saudosistas começaram a dizer que me conheciam. E haviam dias, quem sabe dias de inverno ou tardes de trabalho que se transformavam em folga, eram nestes dias em que eles mais sentiam falta dos meus engenhos de afeto. E foi assim, estando eu desaparecida, eles lembraram-se de abrir a porta do quarto onde eu vivia. E tudo que queriam saber estava ali. Souberam, então, que ainda há poesia suficiente em mim capaz de me fazer suportar todas as acusações do tribunal que não tolera a felicidade do carnaval alheio.
...em uníssono: UMA LEGIÃO DE BENÇÃOS A VOCÊS...