Aqui meu eu

Aqui meu silencio,

ou grito louco:

um espinho na garganta;

tanto faz;

pois que arde

pois que sangra...

e já nem silencio tenho

e nem grito escuto

já nem ardor sinto

pois nem mais sangue tenho !

mas dói

dói muito, e dizer não posso.

ah, dia criança

que correr queria

e sonhar podia;

dia que dos dedos

de menino saltitante

qual areia escorreu

sobrou breu,

dia morreu...

ficou eu !

pobre palha

no vendaval do destino

plantado em areia solta

que na verdade

com o vento já se foi...

aqui meu eu

sem frota nem rota

e sem destino saber!