R I O
 

Olhando essa imagem, tirada por satélite, observei quantos braços e percursos um rio faz, até desembocar no mar.

Iniciando seu percurso, vai extraindo das margens, pedaços da natureza, restos de vida que foram caindo ao longo do rio.

Conforme avança, as margens vão mudando, vão deixando para traz os verdes, as folhas secas, a beleza in natura.

Mas ele prossegue majestoso. Mesmo sabendo que vai ter muitos momentos no qual vai ter dificuldade de prosseguir. Mas ele é guerreiro, e nada poderá dete-lo.

Ele sente,  em seu âmago, que em determinados trechos do percurso, vai chorar, porque sentirá o sabor amargo da destruição, suas lindas cores, transformadas em turvas marolas, mesmo tendo a suavidade do vento.

Porém ele se revigora nas  noites fria e enluarada de inverno, porque sabe que nesses curtos momento suas águas se transformarão em pontos prateados, deixando o fétido  cheiro  para traz..

E assim, manso, quieto, tranquilo, continua sua jornada levando em suas águas as podridões  humanas. Mesmo sabendo que o seu único crime é o de dar vida. Ele perdoa todas as injustiças e despojos que nele são depositados.

E quando chega no seu destino final, carregado, sufocado de poluição, e muito envergonhado, porque sabe que terá que depositar naquele mar, lindo azul, tudo o que trouxe. Veneno.

Nesse instante, ele chora compulsivamente, porque o Rio que saiu da nascente com sua água límpida, cor transparente e cheiro inodor, chega ao final morto sem vida, a procura desesperado de um Ser que o console da sua triste realidade.
Olívia Couto
Enviado por Olívia Couto em 26/07/2012
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