SAUDADE DE UM AMOR
Meu corpo sente a ausência do teu.
Meu corpo sofre e tenta se recompor
porque sofre minha alma tua ausência em mim.
Foi minha vida vagante procurar por ti
e te achando viveu a ilusão de se completar.
Foi o meu ser, querendo-te igual a mim, amor,
que me fez te amar
quando deveria amar a mim.
Assim, fiquei como estou:
um eu mudo querendo tua fala.
Recusei a poesia e todas as suas palavras,
não que ela não me queira,
eu não a mais quero decifrar.
Cansei de sentir teus beijos
e contemplar somente o vazio do meu leito.
Cansei de sentir teus abraços,
e vazio contemplar-me.
Ai, haverá quem não saiba o que é essa dor?
Haverá na vida encantamento que não o amor?
Sim, não.
Ninguém pode minhas lágrimas enxugar.
Ninguém pode escrever minhas poesias.
Ninguém pode sentir o que meu corpo sente
mas, tu, meu pintor e muso de todo o sempre,
tu, somente tu, podes sentir o que me vai dentro.
Não é por outra que tu, eleito meu, me sabes melhor que eu.
Assim, enquanto tu não me vens, dormirei,
encantada encararei-me em sonhos
e recolherei minhas palavras.
Ninguém é capaz de me entender
senão o teu ser tão complexo, tão vasto...
É a ausência do teu ser em mim que me faz assim:
triste e só,
incapaz de tecer minhas telas e de alinhavar meus poemas,
que, eternamente, serão teus.
Amor? Seria amor isso que sinto? Não sei, não sei...
Se isso não é amor, é porque transcendeu.
Ilustração: Frederick Leighton "Flaming June" - 1895.
Museo de arte de Ponce
Meu corpo sente a ausência do teu.
Meu corpo sofre e tenta se recompor
porque sofre minha alma tua ausência em mim.
Foi minha vida vagante procurar por ti
e te achando viveu a ilusão de se completar.
Foi o meu ser, querendo-te igual a mim, amor,
que me fez te amar
quando deveria amar a mim.
Assim, fiquei como estou:
um eu mudo querendo tua fala.
Recusei a poesia e todas as suas palavras,
não que ela não me queira,
eu não a mais quero decifrar.
Cansei de sentir teus beijos
e contemplar somente o vazio do meu leito.
Cansei de sentir teus abraços,
e vazio contemplar-me.
Ai, haverá quem não saiba o que é essa dor?
Haverá na vida encantamento que não o amor?
Sim, não.
Ninguém pode minhas lágrimas enxugar.
Ninguém pode escrever minhas poesias.
Ninguém pode sentir o que meu corpo sente
mas, tu, meu pintor e muso de todo o sempre,
tu, somente tu, podes sentir o que me vai dentro.
Não é por outra que tu, eleito meu, me sabes melhor que eu.
Assim, enquanto tu não me vens, dormirei,
encantada encararei-me em sonhos
e recolherei minhas palavras.
Ninguém é capaz de me entender
senão o teu ser tão complexo, tão vasto...
É a ausência do teu ser em mim que me faz assim:
triste e só,
incapaz de tecer minhas telas e de alinhavar meus poemas,
que, eternamente, serão teus.
Amor? Seria amor isso que sinto? Não sei, não sei...
Se isso não é amor, é porque transcendeu.
Ilustração: Frederick Leighton "Flaming June" - 1895.
Museo de arte de Ponce