Regresso

O coração desacelera

A garganta dá um nó

A saudade afogada em lágrimas

Há anos será compensada

Um filho retorna

Rebento que nunca tive

E nunca terei

Mas que sempre existiu

Que nunca comigo conviveu

Mas em mim sempre dividiu

O ser e o estar

Amigo que mantive cativo

E jamais saberei

Se consigo conter as lágrimas

E a vontade de falar sem poder dizer

Pássaro de aço o traz até meus braços

Mundo etéreo dos sonhos

O mantenha sempre em meu coração

Não permita o nó cego de minha alma

Me fazer chorar nos poucos momentos cedidos

A mim

Por que me sinto assim¿

Com dor sem dor

Como se fosse arrancado um pedaço de mim

Que nunca fora meu

Pedaço que faz falta

Mas que me deixa feliz de estar em outrem

Me dizendo que não estou só

Oh amigo irmao filho

Sentimento que nenhum humano vai compreender

E que eu aceito resignada

Não ser compreendido

Pois está além de meu pequeno ser

Amar tanto alguém

Sem te-lo tão bem conhecido

Poucas horas para um coração parar

Para um nó desatar

E uma saudade se conter

E eu aceito resignada

As migalhas de alma

A mim lançadas

Por não ser compreendida

Eu entendo que não se pode amar tanto

Me sento aqui

Olho o céu

E espero

O tempo

A hora

O momento

O sentimento

O alento

O adeus

O amanhã

O acabar

Como nunca começou

(Ao meu filho, irmão, amigo de hoje e de toda eternidade: Ro)