Reflexão
Interessante como não percebemos a velocidade com que a vida passa.
Lembro-me dos dias em que a minha única preocupação era brincar, correr e ser a melhor jogadora de amarelinha da rua. Depois vieram os estudos, então tinha que administrar os campeonatos de amarelinha e ainda me tornar a melhor aluna da sala.
Então numa velocidade incrível, vieram os namoros, o casamento, filhos, a continuidade dos estudos foi negligenciada, o sucesso profissional se torna uma obsessão...
Então um dia acordamos em meio a um relacionamento fracassado, tendo que administrar seus problemas, os dos filhos, correndo atrás da especialização profissional que passou a ser exigida como requisito de empregabilidade, o trabalho se tornando um peso e você mal consegue se lembrar dos seus dias de amarelinha, pique esconde, cobra-cega, cai no poço...
Nessa hora me lembro de Cecília Meirelles:
Retrato
"Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?"
Cecília Meireles