Sorocaba perde a artista Landa Lopes

Academia Sorocabana de Letras

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Sorocaba perde a artista Landa Lopes

A Academia Sorocabana de Letras cumpre o doloroso dever de participar à comunidade sorocabana a morte de Landa Lopes.

O romancista Afonso Schimidt, ao prefaciar o primeiro livro de poemas da notável escritora – “As quatro volúpias”, cuja tiragem esgotou-se em apenas 50 dias -, definiu-a como “a mulher das sete graças”. Guilherme de Almeida, o príncipe dos poetas brasileiros, ao apresentar sua segunda obra – “Poemas para ler com música” – classificou-a como “poetisa do imponderável”.

Inquieta e versátil, ela se dedicou também ao cinema, ao conto, à composição musical e, nos anos finais de sua vida, também às artes plásticas.

Foi a primeira mulher brasileira a produzir cinejornais, em parceria com seu marido Juan Martinez Marins Lopes, um cinegrafista criativo e inovador.

O IMDB (The Internet Movie Data Base), que, sediado nos Estados Unidos, é o maior site do mundo dedicado ao cinema, registra sua participação como atriz nos filmes “Não matarás”, do diretor sorocabano Freitas Júnior (1955) e “Joelma, Vigésimo Terceiro Andar” (1979), no qual respondeu também pelo figurino. Foi também produtora associada do filme “Vidas Nuas” (1967). Todos esses motivos levaram a Secretaria da Cultura de Votorantim a dar o seu nome ao Troféu de 1º lugar ao festival Curta Vídeo de Votorantim, realizado anualmente por aquele órgão público.

Compôs cerca de 300 canções e um número não determinado de textos teatrais, sendo fundadora da Sicam (Sociedade Independente de Compositores e Autores Musicais) e integrante da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT). Há poucos meses, uma composição de sua autoria –“Pedido de casamento” – figurou entre os finalistas do Concurso Literário da Uniso (Universidade de Sorocaba).

Contista, seu trabalho “O Sonho” recebeu um dos prêmios do II Concurso Literário Sudameris.

Além das obras anteriormente mencionadas, Landa Lopes publicou “Eu, mutante”, livro editado pela Fundação Ubaldino do Amaral (1979) e o romance “Negra!”, editado pela TCM/Linc (1999). Seu trabalho mais recente, o “Kit Landa Lopes”, uma caixa contendo cinco pequenos livros de poemas e contos, foi publicado com apoio da Lei de Incentivo Cultural (Linc) em 2003. Deixa inéditos, entre outros trabalhos, “A última aventura de Juan Pink”, biografia romanceada de Juan Martinez Marins Rodriguez, trisavô de seu falecido esposo Juan Martinez Marins Lopes.

Descendente de migrantes italianos, Landa Lopes, cujo nome verdadeiro era Yolanda Mismetti Lopes, nasceu em Mairinque e recebeu da Câmara Municipal de Sorocaba, cidade em que viveu grande parte de sua vida, o título de Cidadã Sorocabana.

Integrou múltiplas instituições culturais, entre elas o Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba, ao qual doou sua produção filomográfica, e a Academia Sorocabana de Letras, na qual tomou posse em 1981, como instituidora da Cadeira 36, que tem como patrono Juscelino Kubitschek.

O corpo de Landa Lopes está sendo velado na Ossel da rua Mascarenhas Camelo e o seu sepultamento dar-se-á às 16h30 no Cemitério da Consolação.

Geraldo Bonadio

Presidente da ASL

Douglas Lara
Enviado por Douglas Lara em 24/11/2006
Código do texto: T300117