Cristina

Cristina

Saudade

Das enormes tranças

Do sorriso inocente

Das meias brancas

Do uniforme azul marinho

O sapato preto

Da pasta com cadernos

E já pequena olhava intrigada

Se perguntando o porquê

Da grama orvalhada

Dos insetos tão pequenos

Imaginação fértil

Grandes madrugadas

De manha bem cedinho

Na beira do fogão a lenha

O café no bule, a água na chaleira

A paçoca que o avô socava no grande pilão

O sol logo nasceria e ela então iria

Para a escola “Conselheiro Afonso Pena’’

Já pequena a oração do Pai Nosso em seus lábios

E depois seguia caminho, no trilho que cortava a cidade

Ia por todo caminho se perguntando

Descobrindo e falando com o amigo invisível

Cresceu a Cristina com todos os problemas

Sem uma mãe, sem um pai, apenas com os sonhos

E as muitas interrogações, porque todos tinham tanto

E tantos pobres sem casa ou carinho

Na adolescência descobriu que, de seu ventre não teria filhos

E mesmo assim se casou,

Não dera certo como disse a avó, mas ela pelo menos tentou

Chegou a maturidade e foi feliz algumas vezes, na maioria chorou

Hoje se olha no espelho, vendo que tudo passou, a velhice chegou

Que belo rosto as tempestades formou

Que cor linda o tempo no cabelo colocou

Que corpo maravilhoso os pés levam para todo lugar

Que capacidade de amar e perdoar e sempre se dar

Que maravilhosa mulher ela acabou de se formar.

crisviana
Enviado por crisviana em 01/05/2011
Código do texto: T2941899
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