IN MEMORIAN
 
                Mais um dia sem você, parece que foi ontem que ainda conversávamos sobre a vida!
                Não consigo compreender muito bem, por que você partiu tão cedo, por que você se foi, eu tinha tantas coisas para te dizer? O milagre não aconteceu de fato como eu pedi, então fico aqui sem tentar encontrar respostas e na imensidão dessa dor vejo seu rosto que em momento algum perdeu a fé, ou a esperança. Sequer ousou questionar a Deus. O seu momento aqui entre nós foi muito breve, mas o suficiente para nos mostrar o verdadeiro sentido de viver intensamente.
                Evito chorar para não fazer os outros sofrerem, mas quando chego em casa e a solidão me envolve não consigo, as lágrimas rolam mesmo. Será isso normal? Sinto muito sua falta meu irmão, meu herói.
                O câncer foi avassalador, não te poupou a vida, porém Deus nos ouviu e você mostrou como vencer o maligno, lutou com honra, não fugiu a batalha, não negou o fardo atribuído, em momento algum gemeu de dor, após todas as quimioterapias voltava para casa e dois dias depois já estava ao lado de sua esposa e filhos trabalhando no seu comércio, atendendo a todos com aquele sorrisão e dizendo “graças a Deus tô bão, tô bão”. Às vezes era visível em seus olhos a dor, mas não deixava nada transparecer, sorria para a vida, deu um blefe na doença e ainda permaneceu conosco mais um ano e meio. 
                Quanta lição você deixou meu irmão!
                Já convalescendo, ficando cego, e com a fala danificada, lembro de um tio que chegou e lhe perguntou como você estava ao que disse “do olho direito te vejo, a doença já afetou meu sistema nervoso, mas tirando isso graças a Deus tô bão.” Nestes dias por diversas vezes segurou firme as minhas mãos e quando percebi já estava cego de vez. Muitas e muitas vezes chorei baixinho e saia da sua presença. Me lembro do seu último pedido um sorvete de creme de ovos, fui eu e o Toninho (nosso irmão) buscar. Era seu penúltimo dia conosco. Fiquei quatro dias velando seu sono e orando a Deus, que não o deixasse mais sofrer. Na terça-feira quando o médico o levou para o hospital você ainda resistente disse que estava tudo bem, seu corpo já estava quase sem vida e seu espírito já estava se preparando para o Grande Encontro. Sai da casa de nossos pais arrasada, porém convicta em fazer mais uma oração a Deus,  então pedi mais ou menos o seguinte “Senhor, não sei se sou digna de que me escute, mas te peço, não deixe mais o meu irmão sofrer, não permita que a carne maltrate mais o espírito, permita que ele vá em paz, dê a ele o justo descanso.”
                Deus me ouviu e mais muitas outras pessoas que como eu oramos naquela noite para que ele repousasse em Cristo. Pela manhã, às 06h18min do dia 29 de setembro de 2010, meu irmão Sidney, aos 39 anos, casado com uma mulher que muito o amou Daniela e pai de Marcus Antônio e Tainá, faleceu.
                Digo que o câncer o venceu na terra, no entanto ele é um vitorioso no céu com Cristo Jesus!

Vania Morais
Enviado por Vania Morais em 11/10/2010
Reeditado em 11/10/2010
Código do texto: T2549633
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