PASSOS NO ABSTRATO
Há dias que bate um desejo imenso de voltar.
Voltar a um momento, uma vida, um sonho, um mundo, uma fantasia que nunca deixa de ser real.
Outro dia vi uma mensagem,dessas de scrap,que dizia que ao lermos o livro que relata a nossa história algumas páginas precisam ser jogadas fora, arrancadas. Li, reli e cheguei à conclusão de que é impossível se fazer algo assim.
É sensato "virar" a página, ver o que a próxima tem de registro; afinal se há aquela que incomoda, que fere, que faz chorar; seja este choro por emoção, saudade ou mesmo dor; é viável que se aceite a sua existência e por uma questão de evidência, aceitar que não há presente sem passado.
Entende-se ser quase obrigatório a aceitação da mesma, e por uma razão óbvia essa página não pode ser jogada fora...Simples! Relata a trajetória de alguém - É vida!! Existe!!
É compreensível esquecer algumas, deixá-las pra trás. Mas existe aquela que um dia trás saudade, ou uma lembrança despertada por algo inesperado... Nesse instante sentimos uma vontade desenfreada de reler, de querer sentir as mesmas sensações, os medos, as dúvidas, mas acima de tudo; o êxctase que vivemos ao escrevê-la.
É a sensação de continuarmos vivendo do que já fomos. Lembrança de quando se andava nas nuvens...
Quase um querer sem querer. Necessidade de que seja permitido reaver algo que fez parte de nós mas que em algum momento, por algum motivo passou a pertencer a outra vida, outro mundo. É como se perdêssemos um membro do corpo, esse pedaço nosso fosse transplantado em alguém e só depois de muito tempo o encontrássemos...Nada mais normal que se queira pela falta que faz, por ser parte nossa!
O triste de reencontrar essa parte perdida, é ter que ouvir constantemente uma voz que não quer calar: "Já fez parte de você, mas hoje o que te falta preenche a vida de alguém que encontrou antes de você reencontrar".
Conclui-se então que:
Não é possível sentir-se completo quando se é metade.